Fórum da Saúde do Trabalhador leva MPT/AL para debate sobre saúde mental em Palmeira dos Índios
Procurador Rodrigo Alencar falou de assédio moral no meio ambiente de trabalho para público formado por servidores municipais, empresários e funcionários celetistas
Palmeira dos Índios/AL – A convite da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Palmeiras dos Índios, o procurador do Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT/AL) Rodrigo Alencar ministrou uma palestra sobre assédio moral e direito à desconexão. O evento foi realizado pela Coordenadoria da Vigilância em Saúde e gerência do Programa Saúde do Trabalhador do Município na terça-feira (19), no Fórum Desembargadora Nelma Torres Padilha.
O seminário nominado Fórum da Saúde do Trabalhador reuniu servidores municipais, empresários e funcionários celetistas da cidade, com a proposta de debater o tema “Assédio Moral Relacionado ao Trabalho e os Impactos na Saúde do Trabalhador”. Além do procurador do MPT/AL, palestraram no evento o auditor-fiscal do Trabalho Alexandre Sabino e a psicóloga Marcella do Carmo Santos, que atua no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador em Arapiraca.
Como vem fazendo ao longo de todo o ano, Rodrigo Alencar apresentou casos de assédio moral, de assédio sexual e de discriminação de repercussão nacional para mostrar como a temática ganhou atenção em todo o país. Com a campanha Setembro Amarelo, o tema vem sendo direcionado para os impactos da violência praticada no meio ambiente de trabalho na saúde mental dos trabalhadores.
“O principal direito do ser humano é o direito à vida. Como consequência desse direito, há o direito à saúde. Não adianta ter vida sem ter saúde. Dentro do direito à saúde, a saúde mental é o que tem de mais relevante. Porque o ser humano pode sofrer de uma doença incurável, de uma doença gravíssima, mas se ele preserva sua saúde mental, pode continuar contribuindo com seu trabalho, com sua família, com a sociedade. Ele não perde a identidade. Quando perde, o indivíduo ficar irreconhecível, sem suas principais características”, explicou o procurador do MPT/AL.
Já o auditor-fiscal do Trabalho Alexandre Sabino apresentou as mudanças recentes nas normas regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego [MTE] relacionadas ao assédio moral. “A maior alteração que houve sobre o tema ocorreu na NR-1. As organizações que possuem CIPA [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio] devem incluir regras de conduta nas normas internas da empresa. Então não se sintam surpreendidos, numa eventual fiscalização, se a inspeção do MTE ou do MPT/AL solicitar tal normatização”.
Por fim, a psicóloga Marcella do Carmo Santos citou sintomas que se manifestam em vítimas de assédio moral. Entre eles, encontram-se a depressão, ansiedade, insônia excessiva, tremores, falta de ar, fadiga, irritabilidade, dor de cabeça, perturbação digestiva, crises de choro e diminuição da libido. “Os transtornos mentais acontecem. Temos negligenciado muito o debate sobre o que os provoca, porque sempre achamos que dá para resolver depois. Nós só atentamos para isso quando somos obrigados a parar ou quando tem alguém sofrendo do nosso lado”, relatou.
“Precisamos fazer com que o assédio moral suma do meio ambiente de trabalho. Passamos mais tempo nesse ambiente do que nas nossas próprias casas. O local deve ter as melhores condições possíveis não só para trabalhar, como também de se sentir bem. Mas não é o que ocorre sempre. Muitas vezes o ambiente de trabalho é um verdadeiro pesadelo que o profissional acaba tendo de viver. Só sabe o que significa o assédio quem conviveu ou quem está convivendo com ele. E você não adoece só. Você acaba adoecendo com sua família, porque ninguém faz bem quando não se sente bem”, disse o secretário da SMS de Palmeira dos índios, Jânio Marques.
O Fórum de Saúde do Trabalhador faz parte da campanha “Setembro Amarelo”, que concentra atividades de prevenção ao suicídio. Neste domingo, o Município de Palmeira dos Índios e o Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região, com apoio do MPT/AL, realizarão mais um evento da campanha, o “Pedal Amarelo”, a partir das 7h.